quarta-feira, 22 de julho de 2009

Ensaio sobre a cegueira...







Elenco: Mark Ruffalo, Julianne Moore, Sandra Oh, Yusuke Iseya, Yoshino Kimu, Danny Glover, Gael García Bernal, Alice Braga e Daniel Zettel.
Título Original: Blindness
Gênero: Drama
Duração: 120 min.
Ano: 2008 - Brasil/Canadá/Japão
Distribuidora: 20th Century Fox Brasil/Miramax Films
Direção: Fernando Meirelles
Roteiro: Don McKellar, baseado no best seller de José Saramago.

Sinopse: Uma cegueira epidêmica afeta os habitantes de uma cidade contemporânea e sem nome, levando a sociedade ao caos.

Um surto de cegueira afeta uma cidade e seus habitantes, independente de sexo, cor, credo ou condição social. Uma penumbra branca (será cegueira?) envolve todo o filme. O longa-metragem questiona nossos valores, do melhor ao pior deles, e perceber isto, nos assusta muito, pois até onde e o que somos capazes de fazer para sobreviver em mundo sem regras ou leis, em insanidade coletiva?
A indiferença social é amplamente mostrada, pois diante do problema, a sociedade decide isolar os infectados, e pensamos, para onde foram os valores de liberdade, igualdade e fraternidade que nos permeiam?
O estado de degradação e isolamento, a falta de respeito e amor próprio que os doentes demonstram, chocam! Somos remetidos aos campos de concentração onde os judeus viveram durante a 2ª guerra mundial. O ambiente imundo e abandonado, cheio de corpos nus, entregues a sorte, fezes, sangue, roupas sujas e pessoas vivas em estado de decomposição, formam um cenário assustador.
O medo e a intolerância dos que ainda não foram afetados, nos levam a olhar para dentro de nós e investigar nossos sentimentos e ações com mais severidade.
É uma película que mexe com os nossos sentidos, me perguntei como anda a minha “visão”, como tenho “visto” o que me rodeia.
Quais os valores do “ver” em um mundo de cegos? Como isto pode ser usado? Esta investigação nos leva a personagem de Julianne Moore que em muitos momentos parece preferir ser cega ao invés de enxergar aquela realidade, presenciando toda a maldade que o ser humano é capaz de fazer e toda a hipocrisia que move a alma das pessoas, ela traz à tona a caridade e a compaixão a muito esquecida, e expressa o sofrimento de ser a única que não pode desistir, pois muitos dependem dela.
Entre muitas cenas que me marcaram, destaco duas em especial, a morte violenta de uma mulher que se sacrifica pelo grupo, e o amor destes para com ela, uma cena sem diálogos, apenas ações. Outra imagem intrigante é de santos com os olhos vendados em uma catedral.
Em meio à desordem observamos a cidade de São Paulo, o Viaduto do Chá, o Teatro Municipal e outros pontos que se misturaram as ruas de Tóquio para criar uma capital cosmopolita e fictícia como José Saramago descreveu no livro que dá nome ao filme.
Excelente trabalho do diretor Fernando Meirelles, e impecáveis as atuações de Julianne Moore e Gael García Bernal.
Definí-lo, talvez perturbador, alguns vão amar e outros detestar, pois toca em feridas profundas, mas, sem dúvida nos leva a uma reflexão necessária.
Quero muito ler o livro!

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